Servidores suspeitos de atrapalhar investigações da PF são exonerados pelo governo do Tocantins
Confira detalhes sobre operação que apura tentativa de atrapalhar investigações da PF Dois alvos de buscas durante Operação Nêmeses foram exonerados de c...
Confira detalhes sobre operação que apura tentativa de atrapalhar investigações da PF Dois alvos de buscas durante Operação Nêmeses foram exonerados de cargos no governo do Tocantins, nesta quarta-feira (12). Os servidores são Antoniel Pereira do Nascimento e Alan Rickson Andrade de Araújo. Os atos foram assinados pela secretária-chefe da Casa Civil. Alan informou que não é alvo da operação e nos últimos meses tem sido "alvo de ataques anônimos e divulgações falsas". Ele ainda disse que não participou ou compactuou com qualquer ação que desrespeitasse os princípios que regem o serviço público (veja nota completa abaixo). O g1 não conseguiu contato com a defesa de Antoniel Pereira até a última atualização desta reportagem. 📱 Clique aqui para seguir o canal do g1 TO no WhatsApp A Operação Nêmeses foi realizada pela Polícia Federal para investigar a possível prática de embaraço às investigações sobre o desvio de recursos públicos com a compra de cestas básicas durante a pandemia. Ao todo, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins. Os documentos foram expedidos pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, Mauro Campbell. Agentes da PF durante cumprimento de mandado de busca na Operação Nêmeses Polícia Federal/Divulgação Segundo a decisão, Álan Rickson é concursado como analista de Tecnologia da Informação, mas estava lotado na Secretaria de Participações e Investimentos como assessor de estruturação de parcerias e concessões, com um salário de R$ 34 mil. A suspeita da polícia é de que ele seria informante do advogado Thomas Jefferson, ex-secretário de Parcerias e Investimentos, que é apontado pela polícia como responsável por atrapalhar as investigações da Fames-19 e supostamente avisar o governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos) sobre o cumprimento de mandados no início de setembro. Antoniel Pereira é servidor público municipal e tinha sido cedido ao governo do Tocantins, sendo lotado na Secretaria Executiva do governador Wanderlei. Para a polícia, a suspeita é de que há incompatibilidade entre sua remuneração e seu patrimônio declarado. Conforme a decisão, ele tinha vencimentos de pouco mais de R$ 6,3 mil. Foram encontrados indícios de que ele fez negociações com parentes de Wanderlei e foi apontado como “pessoa interposta”, tendo ajudado a esvaziar a casa da sogra de Wanderlei. LEIA MAIS Polícia Federal investiga se ex-secretário alertou governador do TO sobre operação antes de afastamento determinado pelo STJ PF flagrou militares usando carros oficiais para esvaziar casa de sogra do Governador afastado do TO durante operação Operação Nêmesis A Polícia Federal cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins na manhã desta quarta-feira, para investigar a possível prática de embaraço a investigação de desvio de recursos públicos da Covid-19 e emendas parlamentares utilizadas para compra de cestas básicas durante a pandemia. Segundo a Polícia Federal, as investigações tiveram início durante a deflagração da 2ª fase da Operação Fames-19, que afastou Wanderlei Barbosa no início de setembro, pelo prazo de 180 dias. A primeira-dama Karynne Sotero Campos, que era secretária extraordinária de Participações Sociais, também foi afastada. Os dois negam participação nos fatos investigados. A PF identificou indícios de que alguns investigados teriam se prevalecido de seus cargos e utilizado veículos oficiais para retirar e transportar documentos e materiais de interesse da investigação. Isso causou embaraço às investigações, que ainda se encontram em curso e tramitam sob sigilo na Corte Especial do STJ. A assessoria do governador Wanderlei Barbosa informou que durante as buscas desta quarta-feira foram levados celulares e, por enquanto, não vai se manifestar. Afastamento de Wanderlei Barbosa Wanderlei Barbosa e a primeira-dama foram afastados no dia 3 de setembro de 2025. A decisão foi do ministro Mauro Campbell, do STJ, mas depois foi referendada pela Corte Especial do órgão. Os dois são suspeitos de desvios de recursos públicos realizados em 2020 e 2021, momento em que foi declarado estado de emergência em saúde pública por conta da pandemia de Covid-19. A Polícia Federal investiga crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa. Na época, Wanderlei seria o responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que recebia os recursos que iriam ajudar a população durante a pandemia. Segundo a PF, Wanderlei Barbosa teria mantido um esquema de desvios através de contratações ilícitas. As investigações apontam que Karynne teria intermediado as contratações, atuado na organização da parte documental, no cumprimento dos requisitos necessários ao recebimento de recursos públicos, e tomou ciência da distribuição das vantagens indevidas previamente combinadas. Íntegra da nota de Alan Rickson Em respeito à verdade e à sociedade tocantinense, venho esclarecer que, na manhã desta quarta-feira (12), fui surpreendido com uma medida de busca e apreensão em minha residência, decorrente de uma denúncia anônima que menciona meu nome no contexto de apurações conduzidas pela Polícia Federal. Ressalto que não sou alvo de investigação e que a diligência foi realizada com base em informações prestadas por terceiros, sem que houvesse qualquer prova de envolvimento meu em atos ilícitos. Durante o cumprimento do mandado, a Polícia Federal agiu com profissionalismo e respeito, tendo apreendido apenas meu celular, o notebook institucional e documentos pessoais — o que demonstra a ausência de qualquer elemento que indique irregularidades. Sou servidor público efetivo há 20 anos, e há quase 6 anos exerço a mesma função na Secretaria de Parcerias e Investimentos, em uma atividade técnica e estratégica, voltada ao acompanhamento e desenvolvimento de projetos estruturantes do Estado. Minhas atribuições incluem a realização de reuniões, capacitações e viagens institucionais para acompanhamento de gestores em agendas técnicas e de governança, sempre em conformidade com os princípios da administração pública. Nos últimos meses, infelizmente, tenho sido alvo de ataques anônimos e divulgações falsas, com o claro intuito de tentar me afastar de uma função que é estritamente técnica e desvinculada de qualquer interesse político. Lamento profundamente que informações inverídicas sejam utilizadas para macular uma trajetória construída com trabalho, zelo e fé. Também tenho observado que alguns veículos de comunicação têm divulgado o valor do meu salário de forma descontextualizada, sem esclarecer que determinados contracheques incluem valores de 13º salário ou 1/3 de férias, o que pode ser facilmente comprovado no Portal da Transparência. Reforço que todos os meus vencimentos são legais, públicos e compatíveis com o cargo que exerço. Desconheço integralmente os fatos narrados na denúncia anônima e repudio qualquer insinuação de envolvimento meu em atos ilícitos. Jamais participei, autorizei ou compactuei com qualquer ação que desrespeitasse os princípios que regem o serviço público. Mantenho-me à disposição das autoridades para todos os esclarecimentos necessários e confio plenamente na Justiça e em Deus — único conhecedor de toda verdade e de toda justiça. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.